Especialistas dão dicas de como organizar as finanças para sair da inadimplência em 2023

Especialistas dão dicas de como organizar as finanças para sair da inadimplência em 2023

 


Pagar as contas atrasadas e sair da inadimplência é um dos objetivos da lista de metas de ano novo de muitos brasileiros. De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada em dezembro, houve recorde entre os mais pobres. Os dados, referentes ao mês de novembro, apontam que 34,1% dos consumidores com renda de até 10 salários mínimos atrasaram dívidas. É o maior número desde o início da série histórica em 2010. A pesquisa é feita mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Apesar disso, o levantamento aponta um recuo de 0,3% em relação a outubro. Segundo a pesquisa, essa desaceleração na proporção de endividados é explicada pela evolução positiva do mercado de trabalho, pelas políticas de transferência de renda mais robustas e pela queda da inflação nos últimos meses. Esse conjunto de fatores significou um aumento da renda disponível. Ainda assim, a combinação de endividamento e juros altos está deixando os consumidores mais cautelosos, conforme a Peic.

A economista da CNC, responsável pela Peic, Izis Ferreira, alerta para a importância de se organizar para não cair em armadilhas e, assim, afastar o fantasma da inadimplência em 2023. Ela afirma que as despesas aumentam no primeiro trimestre do ano e, por isso, evitar gastos desnecessários faz toda a diferença.

“São tributos, rematrícula de escola, material escolar, então é importante que o consumidor se programe para o pagamento dessas despesas, que vão apertar o orçamento no início de 2023, além de toda incerteza em relação ao desempenho da economia que vamos ter nos próximos meses. Então, é evitar o gasto com supérfluo, fazer a conta, pesquisar preço, guardar  o cartão de crédito se puder. E se ganhou uma receita extra, procurar usar em favor da família evitando o gasto do salário”, afirma.

Segundo a gerente da Serasa, Camila Cruz, o consumidor precisa de um controle simples para começar o ano colocando as contas em dia. Ela afirma que anotar as despesas e o orçamento mensal é fundamental para que os gastos não ultrapassem os ganhos. Camila Cruz também alerta para os riscos do cartão de crédito.

“É possível começar pelo básico, com papel e caneta e todo mês consultar esse caderninho para ver o que você está gastando a mais e o que está gastando a menos. E ter muito cuidado com os gastos do cartão de crédito, ou seja, os parcelamentos do cartão de crédito podem também onerar o seu orçamento mensal, e os juros são muito altos, caso você venha a atrasar uma fatura. Então é um ponto realmente de atenção”, destaca.

De acordo com o levantamento mais recente da Serasa no segundo semestre de 2022, 69 milhões de brasileiros têm restrição no nome, o que corresponde a 42,6% da população adulta do Brasil.

Impactos do endividamento na saúde

A Pesquisa “Perfil e Comportamento do Endividamento Brasileiro”, encomendada pela Serasa, mostra o impacto do endividamento na saúde mental da população. A pesquisa ouviu 5.225 pessoas de todas as regiões do país e constatou que 83% dos inadimplentes sofrem de insônia causada pelas dívidas. Além disso, 74% afirmam ter dificuldade de se concentrar nas tarefas do dia a dia e 61% viveram ou vivem sensação de crise de ansiedade. 

A psicóloga Thamires Ferreira explica que o endividamento pode gerar uma série de pensamentos negativos e levar, inclusive, ao fim de relacionamentos. Ela alerta para a importância de as pessoas com dívidas buscarem educação financeira, além da psicoterapia para aprender a lidar com a situação e as emoções.  

“Crises de pensamentos negativos, que geram sentimentos como vergonha, angústia, tristeza, medo, culpa, altos níveis de estresse, dificuldade de concentração. Começa a atrapalhar os relacionamentos, com amigos, familiares e parceiros, nesse caso, os casamentos acabam sendo muito afetados. E tudo isso é um ciclo vicioso, todos esses pensamentos negativos geram mais comportamentos de gastos. A insônia é um fator bem comum, as pessoas não conseguem dormir pensando nessa situação financeira.”


Pesquisa Perfil e Comportamento do Endividamento Brasileiro:

  • 83% dos endividados têm dificuldade para dormir por causa das dívidas; 
  • 78% têm surtos de pensamentos negativos devido aos débitos vencidos; 
  • 74% afirmam ter dificuldade de concentração para realizar tarefas diárias; 
  • 62% dos entrevistados sentiram impacto no relacionamento conjugal; 
  • 61% viveram ou vivem sensação de “crise e ansiedade” ao pensar na dívida; 
  • 53% dos pesquisados revelam sentir “muita tristeza” e “medo do futuro”: 
  • 51% dos entrevistados têm vergonha da condição de endividado; 
  • 33% não se sentem mais confiantes em cuidar das próprias finanças; 
  • 31% sentiram impacto das dívidas no relacionamento com familiares. 
     


Fonte: Brasil 61

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