Exportações do agro batem recordes em cenário de queda nos preços das commodities

Exportações do agro batem recordes em cenário de queda nos preços das commodities

Embarques do segmento em março são celebrados em meio à cenário de volatilidade dos mercados internacionais


Um dos indicadores que expressam o bom momento vivido pelo setor agropecuário é o volume de commodities (produtos primários comercializados in natura) exportados ao exterior. Em março, o resultado alcançado foi histórico. Os embarques atingiram US$ 16 bilhões, receita US$ 1,6 bilhão superior que o mesmo período de 2022, de acordo com o Boletim de Comércio Exterior do Agronegócio, elaborado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). 

O documento da entidade afirma que, entre os produtos brasileiros vendidos para os parceiros comerciais, o que mais se destacou no período foi o farelo de soja, que apresentou um crescimento de 45,5%. Em 2023, a estimativa da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (ABIOVE) é de que as exportações do complexo soja alcancem um faturamento de mais de 67 bilhões de dólares, o que representaria mais um resultado recorde para o segmento do País.

O assessor de Relações Internacionais da CNA, Pedro Rodrigues, explica que o atraso da colheita da oleaginosa colaborou para o resultado de março e que nos próximos meses, os embarques deverão retornar à normalidade. Para Rodrigues, mesmo diante deste cenário positivo nas exportações agrícolas, o contexto econômico global não tem favorecido os mercados de commodities, o que causa uma imprevisibilidade para os preços. 

“A gente tem um cenário de volatilidade nos preços e que, em certa medida, não existe uma facilidade de previsão. O que a gente tem também é um cenário onde os insumos agropecuários estão posicionados em patamares caros. Então, apesar da expectativa de produção recorde de soja para essa safra, a gente tem que lembrar que essa foi uma safra cara”, afirma Rodrigues.

Apesar da instabilidade econômica mundial que eleva preços dos insumos agrícolas e impõe variações nos valores das commodities, o IBGE estima para a temporada 2022-2023 uma supersafra de grãos, puxada principalmente pela produção recorde de soja. 

Para o professor da Fundação Getúlio Vargas e coordenador do Mestrado Profissional em Agronegócio (MPAgro) da FGV, Felippe Cauê Serigati, não é só o desempenho da oleaginosa que explica a solidez do agro brasileiro frente ao contexto. Ele cita que, por exemplo, a gripe aviária,que causa preocupações em diversos países, não chegou no momento até aqui. Como consequência, o Brasil tem exportado volumes adicionais de carne de frango. Além disso, o professor da FGV destaca o maior interesse do mercado importador pelo açúcar nacional, o que tem elevado a produção do setor.

“Apesar de todas as turbulências, como o universo agro tem uma interação maior com o setor externo, é natural que ele encontre essa válvula de escape,mesmo quando o mercado doméstico passa por alguma turbulência”, afirma.

Serigati acredita que, ao longo de 2023, a produção agropecuária deve registrar um forte crescimento.  As estimativas da Fundação Getúlio Vargas apontam que o PIB do agronegócio, somatória de tudo que é produzido pelo setor, deverá crescer 8% no ano.



Fonte: Brasil 61

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